A subcultura é a nova cultura pop?
As 8 subculturas mais influentes dos últimos anos.

Subculturas são conversas paralelas com o mainstream, dando novos significados a objetos e ideias familiares. Quer um exemplo? O Air Max 95 foi criado para corrida e desempenho, mas na mão dos sneakerheads ganha status de ícone de estilo e símbolo de pertencimento.
Para quem está de fora, é só mais um tênis; quem consome essa cultura, ele faz parte de um universo inteiro de referências, trocas e identidade. Essa transformação de item esportivo a emblema cultural mostra como subculturas reinventam o que já existe, criando comunidades e narrativas próprias. E essa é a essência de uma subcultura.
Com essa dinâmica em mente, reunimos as subculturas mais influentes dos últimos anos, mostrando grupos como Emos, Sneakerheads e Mandrakes exercem uma influência tão importante na cultura e nas tendências de moda.
Confira lista completa.
Sneakerheads e Hypebeasts
São duas subculturas surgidas nos anos 1990 e 2000, unidas pela paixão por lançamentos limitados e raros, de Pigeon Dunks a colaborações da Supreme.


Elas alcançaram seu auge na década de 2010. Nesse período, influenciaram tanto a moda jovem quanto a alta costura: marcas como Gucci adotaram o estilo esportivo gráfico e Virgil Abloh tornou-se o primeiro diretor artístico negro da Louis Vuitton.
Além disso, popularizaram a revenda online, dando origem a plataformas como StockX e DePop e incorporando seu vocabulário ao cotidiano. Essas duas subculturas provavelmente não vão desaparecer tão cedo.
Skatistas
Gostemos ou não, os hypebeasts e os sneakerheads também foram responsáveis pela influência popular dos skatistas na moda durante a década de 2010, mostrando ao mundo que havia um mercado para calçados e roupas específicas para skate, bem longe das pistas e picos. Embora os skatistas de verdade se mantivessem fiéis à essência, encarando o interesse da moda em sua cultura com desconfiança, alguns não conseguiram evitar disseminar a cultura e as roupas do skate pelo mundo por meio de seus outros interesses.

Moletons Thrasher e meias HUF Weed viraram febre e ganharam espaço também na alta costura. A linha Golf Wang, assinada por Tyler, reforçou a ideia de skate como expressão autoral. Vídeos de skate populares, como “Cherry” da Supreme, atingiram milhões de visualizações.
O resultado foi a fusão entre rua e passarela, sem perder a energia crua das ruas.
Sportlife
Subcultura que envolve o uso de roupas esportivas e músicas que narram a vivência periférica, o Sportlife mostra-se cada vez mais presente no cenário mundial.
De corta-ventos a tênis esportivos; de Nike a Lacoste; de funk a batidas aceleradas e, enfim, a metrópole. São esses elementos que muitos jovens associam a um ambiente social da periferia.


Quando se fala em Sportlife, o que vem ao imaginário popular é um modo de vida fitness, repleto de atividades físicas e dietas balanceadas. Mas aqueles que acompanham o rap brasileiro o associam à cena nacional dos estilos musicais Grime e Drill, subgêneros do rap.
O Sportlife é um estilo de vida da periferia que gira em torno principalmente de roupas de esporte.
O modelo se desenvolveu com a influência do sportwear, tendência que se aproveita de roupas esportivas, das áreas suburbanas da Inglaterra, muito motivado pela paixão dos ingleses pelo futebol no país. Está relacionado ao corre do dia a dia das pessoas que moram em regiões de classe baixa e média, e também ao conforto e ao estilo que pode promover ao consumidor desses produtos.
Roadmen
O grime britânico surgiu nos anos 2000 com artistas como Dizzee Rascal, trazendo batidas eletrônicas minimalistas e rimas em inglês vernacular, totalmente diferentes do hip-hop americano. Após uma fase restrita ao Reino Unido, o gênero explodiu de novo em 2015 graças a Skepta e Stormzy.


Junto com esse renascimento, o estilo roadman ganhou o mundo, misturando agasalhos, roupas técnicas, bonés baixos, Air Max e a sidebag no ombro. Alguns dizem que essa subcultura foi uma grande influência para o Sportlife que vemos hoje em dia, e o clipe “Shutdown” de Skepta de 2015 capturou perfeitamente essa estética que, influenciou skatistas e marcas de alta costura esportiva como Cottweiler e Y-3.
Skepta - Shutdown (2015) / Reprodução: YouTube
Mandrake
É sempre complicado cravar de onde vem uma gíria ou um estilo, essas coisas nascem no coletivo, na vivência, e não dá pra apontar um criador oficial. No caso do “mandrake”, dá pra puxar alguns caminhos de origem. O primeiro é o próprio mágico Mandrake, figura clássica que ilude, encanta, domina os truques, uma boa metáfora pra quem é sagaz e sabe jogar com os códigos da quebrada. Sagacidade, aliás, é uma das qualidades mais valorizadas na juventude periférica.


O segundo sentido tem a ver com a cultura pop. Mandrake é também personagem de HQ, e esse universo sempre influenciou o imaginário dos jovens do funk, seja no Rio, em São Paulo ou em outras cidas. Por fim, mandrake virou adjetivo: significa alguém estiloso, chave, aquele que se veste de um jeito que chama atenção. E nesse ponto, o visual fala alto. O estilo mandrake mistura criatividade e autenticidade, uma estética criada nas ruas.

Gótico
O estilo gótico nasceu lá nos anos 70 e, de lá pra cá, nunca sumiu de verdade. Talvez seja por essa vibe romântica e sombria que combina bem com a melancolia adolescente, ou porque preto é sempre uma boa escolha. Fato é que o gótico voltou com força nos anos 2010, com várias versões novas: gótico de rua, gótico fitness, e por aí vai.


Muita dessa renovação veio da criatividade de artistas negros, como a DJ Venus X, que transformou as festas GHE20G0TH1K de rolê underground em Nova York pra uma influência global. Rappers como A$AP Rocky embarcaram na onda, e estilistas ajudaram a espalhar a estética. Shane Oliver, da Hood by Air, misturou hip hop e gótico de um jeito único. Já Rick Owens virou símbolo da alta moda sombria.

Gabber
Pouca gente lembra, mas o gabber foi gigante na Holanda dos anos 90. Direto das raves mais pesadas, o som era tão extremo que até dubstep parece música de elevador perto dele. E mesmo tendo durado pouco, o impacto foi tão forte que a estética e a sonoridade ainda ecoam por aí, inclusive nas coleções de moda e remixes atuais.


The Ultimate Oldschool Hardcore Gabber Mix / Reprodução: YouTube
No auge, o gabber não era só mais uma subcultura: era o centro da cultura pop holandesa. As gravadoras lançavam gabber, programas de TV falavam do estilo, e festivais como o Thunderdome colocavam até 20 mil ravers no mesmo lugar.
Hoje, o gabber virou referência visual e sonora. De certa forma, ele nunca saiu, só mudou de palco.