Os experimentos de Rei Kawakubo ganham São Paulo

A Comme des Garçons chega a São Paulo, com um projeto exclusivo de Rei Kawakubo e sem vitrines padronizadas. Desde as roupas escultóricas até a linha Play, a loja reforça a presença da marca no cenário internacional e amplia o diálogo criativo aqui no Brasil.

Os experimentos de Rei Kawakubo ganham São Paulo
Rei Kawakubo em uma de suas lojas

A Comme des Garçons chegou a São Paulo. Fica no Iguatemi, próximo a região de Alphaville, SP, e isso diz bastante sobre o lugar que a marca pretende ocupar por aqui, como parte oficial do circuito global do luxo, marcando presença já em um ambiente que conversa com outras marcas e empresas desse meio. O espaço, assinado por Rei Kawakubo, segue a lógica das lojas anteriores: cada uma única, cada uma com cara própria. Não existe padronização, não existe vitrine replicável. A de São Paulo entra nesse sistema com os códigos visuais e espaciais que Kawakubo insiste em trabalhar como se fossem corpo. A loja, como as roupas, é um corte.

A Comme des Garçons nasceu em Tóquio no fim dos anos 60.

O nome, “como os garotos”, já carregava uma certa negação. Ao levar a marca para Paris nos anos 80, apresentou uma coleção marcada pelo uso excessivo da cor preta. Foi chamada de “Hiroshima chic” por parte da crítica francesa , um ataque tão preconceituoso quanto involuntariamente revelador. O que parecia destruição era, na verdade, uma forma de arquitetura. 

Comme des Garcons Fall 1982

A partir dali, a CdG se tornou símbolo de um modo de fazer moda. A marca passou a criar maneiras de pensar na roupa. Criou loja, criou perfume. E dentro dessa criação, fez da diferença o seu ponto mais estável.

A loja paulistana carrega essa herança.

Vai abrigar desde a linha principal , com peças escultóricas, recortes e texturas de passarela , até as vertentes mais populares, como a Play, reconhecível pelo coração de olhos pretos que virou símbolo famoso. Vai ter perfume, carteira, camiseta, calçado.

Registro em uma das lojas

Não é a primeira vez que a marca rompe com lógicas de consumo. Em 2004, lançou uma série de “guerilla stores”, lojas temporárias em locais abandonados e baratos. Espaços com teto descascado e parede sem pintura. A intenção era assegurar gastos, e acabou marcando uma estética específica da CDG, que depois deixaram de lado por outras marcas passarem a realizar ações parecidas.

COMME DES GARCONS GUERRILLA STORE

A chegada da Comme des Garçons reforça duas coisas: o Brasil é parte de uma cena global de curiosidade estética + o mercado de moda precisa parar de parecer modelo de vitrine de shopping. É importante receber uma loja dessas em nosso território, por simplesmente aumentar as possibilidades, as conexões e possíveis aproximações dos nossos designers e criadores com uma expoente do mercado internacional.

UNDGND ARCHIVE®

A Mídia Cultural que Cria e Movimenta.

JUNTE-SE A COMUNIDADE