O que um designer francês tem a ver com o Corinthians na década de 90?

Até os anos 90, o futebol brasileiro ainda não havia entendido totalmente o potencial simbólico de seus uniformes, mas lentamente esse cenário foi mudando. O design começou a ganhar importância estética, os patrocínios aumentaram, e os clubes passaram a experimentar com cores, grafismos e até criações inusitadas. A década de 90 é marcante para todo fã de futebol, onde parece ter tido uma grande onda criativa e experimentativa para os uniformes dos clubes, que se tornaram inesquecíveis até hoje. E não só no Brasil, que fique claro.
É nesse contexto que surge uma das histórias mais curiosas da relação entre moda e futebol por aqui. O dia em que o Corinthians vestiu um uniforme assinado por Ted Lapidus, um dos estilistas franceses mais influentes do século XX.


Imagens da camisa colaborativa com o estilista Ted Lapidus.
O ano era 1995, o Corinthians vivia uma fase de reformulação institucional e de imagem, embalado pelo título brasileiro de 1990 e pela intenção de expandir sua presença internacional. Ao lado da fornecedora Penalty, o clube decidiu lançar um terceiro uniforme com foco em competições no exterior, e para expandir também a marca e produzir algo realmente diferente. E não chamou qualquer um para isso. Chamou Ted Lapidus, estilista conhecido por vestir John Lennon, Brigitte Bardot, Alain Delon e outras figuras da elite cultural europeia nas décadas de 60 e 70. Um dos inventores da minisaia e percurssor em roupas unissex.
Nascido em Paris e filho de alfaiate russo, Lapidus foi um dos primeiros estilistas franceses a levar a moda das passarelas para a rua, estabeleceu um conceito visual que misturava o rigor europeu com certa ousadia estética. Seu nome virou sinônimo de elegância sóbria. E quando recebeu o convite para desenhar o uniforme do Corinthians, aceitou.

A peça foi apresentada em evento oficial, com direito a desfile estrelado por Paulo Betti, Beth Lago e Maurício Mattar, atores populares da época. Cerca de 10 mil unidades foram distribuídas em lojas no Brasil, numa tentativa explícita de tornar o clube uma marca com linguagem própria.
Mas essa camisa não foi muito bem aceita por parte de muitos torcedores, foi motivo até de enquete no fantástico pra saber a opinião dos torcedores, eu particularmente adoro essas camisas, acho umas das mais belas da minha coleção.
A camisa assinada por Lapidus durou pouco tempo em campo, foi usada em alguns jogos internacionais, como torneios amistosos na Espanha, e partidas da Copa Conmebol e da Libertadores, e logo sumiu do radar. Ainda assim, virou símbolo de uma era em que os clubes começaram a testar limites visuais.
Nos anos 90, a lógica dos uniformes de futebol estava mudando. As fornecedoras começaram a apostar em designs mais gráficos, tecidos tecnológicos, camisas com golas alternativas e peças com cortes diferenciados.

A era dos modelos genéricos, iguais para todos os clubes, começava a dar lugar à experimentação. O Palmeiras chegou a usar degradê em tons de verde, o Vasco apostou em camisa com tecido texturizado, o Cruzeiro lançou camisa dourada. Era o início da estética









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