Narrativas Visuais: A Essência e Propósito de DVPEX

Hugo Tomaz, também conhecido como DVPEX, é um film director que atua há seis anos na criação de videoclipes, campanhas publicitárias, fashion films, e na cobertura de eventos e shows. No último ano, sua carreira tem tido um crescimento notável na cena do streetwear e da música urbana de São Paulo. Com o objetivo de ampliar seus horizontes, DVPEX busca novos parceiros para construir projetos audiovisuais em conjunto.
Inicialmente, DVPEX começou sua carreira de forma autodidata, mas, ao longo do tempo, foi aprimorando seus conhecimentos por meio de cursos como o de Color Grading no Bucareste Ateliê de Cinema - BAC, Direção de videoclipe com Fred Ouro Preto e edição de videoclipe com Gabriel Camacho e Masterclass com Spike lee.
Atualmente, DVPEX trabalha de forma independente, produzindo materiais audiovisuais tanto para marcas, como gdlp X Oakley, Vans, New Balance, Kenner, Baer Mate, Mamba Water, Nescafé, CENAFESTIVAL, The Green Room e The town quanto para artistas, como Gustavo Barroso, Heron Preston, Babytron, Lil Tecca, NLE Choppa, Yunk Vino e Alee.
Conversamos com o criativo onde nos contou um pouco de sua trajetória e aspirações, confira a entrevista logo abaixo!
Primeiramente, por que Dvpex?
DVPEX veio do meu lado nerd. Sempre curti jogos de FPS e naquela época tava nessa pira de achar um nome fácil e único. Queria algo que eu pudesse levar pra outras áreas também. Cheguei em DVPEX, pesquisei no Google e não tinha nada parecido, só sigla de remédio (risos). Eram só três resultados. Então pensei: “isso vai ser fácil de achar”. O nome acabou virando uma assinatura que representa meu trabalho autoral, com estética forte e ligada à cultura urbana. É direto, marcante, e carrega a intensidade visual que busco em cada projeto.
Você já comentou em outras oportunidades sobre o cinema ser sua grande fonte de inspiração. Houve algum filme específico que despertou seu interesse em aprender mais sobre o meio audiovisual?
Sim, o cinema sempre foi minha maior inspiração. Um dos filmes que me despertou pra esse universo foi Kill Bill Vol. 1, do Tarantino, principalmente pelos zooms manuais nas cenas de ação e diálogo. A estética do filme é absurdamente inovadora para a época. Depois vieram outros como Pulp Fiction, Bastardos Inglórios e Django Livre, que também me marcaram. E claro, Spike Lee é uma referência forte. A forma como ele trabalha cor, ritmo e narrativa visual me mostrou que o audiovisual pode ser político, expressivo e autoral.

Como você une o briefing com suas próprias ideias e inspirações durante o processo de direção?
O briefing é onde tudo começa. Ele mostra o que o cliente espera, mas pra mim é só a base. Eu uso como ponto de partida pra trazer minha visão, referências de rua, moda, arte… Faço esse cruzamento entre o que é pedido e o que acredito. Meu objetivo sempre é entregar algo que tenha identidade, que vá além do esperado e carregue minha estética.
Além do audiovisual, quais outros nichos você consome para enriquecer sua bagagem criativa?
Consumo muita moda, arquitetura, design e arte. Estou cada vez mais mergulhado nisso. Gosto muito da Bauhaus, por exemplo, essa ideia de simplificar formas e priorizar a função me inspira tanto na estética quanto na lógica de produção. São áreas que me ajudam a construir referências e a entender melhor a imagem.
Notamos seu cuidado com a composição visual em seus trabalhos, desde os locais e objetos até as cores. Como você planeja essa produção dentro da sua linguagem?
Tudo começa no silêncio. Gosto de sentar sozinho, analisar o roteiro e montar um mapa visual com tudo: locação, cor, movimento de câmera, objetos, referências de moda, brutalismo, minimalismo, filmes… Isso me ajuda a manter a unidade visual do projeto. E o color grading é parte essencial, é onde eu fecho a imagem com emoção e impacto.
Com quem você busca se comunicar atualmente?
Com marcas e artistas que estão buscando mais do que só um conteúdo bonitinho. Gente que quer conceito, verdade e impacto. Meu trabalho fala com quem entende que imagem é uma forma de posicionamento.
Há algo que você ainda não fotografou, mas sente necessidade de explorar?
Quero muito me aprofundar em projetos mais longos, tipo curtas e longas. Sinto que tenho muito a dizer, e esses formatos permitem explorar personagens, atmosferas e narrativas com mais profundidade, sem abrir mão da minha estética.
Existe alguma diferença em executar trabalhos para artistas e marcas nacionais, e para artistas internacionais? Apesar de serem próximos os nichos, a abordagem do seu trabalho e sua visão estética mudam?
Sim, tem diferença. Com gringo, normalmente o processo é mais estratégico e focado numa linguagem visual mais universal. Já aqui no Brasil, tem mais espaço pra experimentar, trazer texturas e códigos locais. Mas o meu olhar autoral tá presente em todos, só mudo a forma de aplicar. Em um vou mais no minimalismo, no outro carrego na cor e na textura, mas sempre com identidade.

Se você tivesse que dar alguma dica ou conselho, seja curso, vídeo, conteúdo, para alguém que deseja iniciar os estudos e atuação na área do audiovisual, ou até mesmo mais especificamente em color grading, qual seria?
Estuda imagem antes de pensar em ferramenta. Treina o olhar, entende composição, contraste, luz. Faz trampo autoral, é ali que você descobre sua linguagem. Passa por todas as áreas se puder, isso te dá visão de direção. Indico o livro Cinematography, do Blain Brown. E se tiver como, faz um curso de luz com o Alziro Barbosa. Em breve também quero abrir um workshop de color, fica de olho.
E visando o segundo semestre de 2025, e início de 2026, quais projetos você está tocando atualmente e que seria interessante colocar no radar?
Tô focado em colocar no mundo meu projeto autoral, que é uma série de 5 episódios sobre minha trajetória e visão criativa. Também tô desenvolvendo um curta-metragem e buscando me conectar com marcas e artistas que tragam desafios estéticos. Quero fortalecer minha presença em festivais e colar com criativos de fora também.

Qual pergunta não fizemos, mas que deveríamos ter feito?
Como você lida com sua visão autoral em trabalhos comerciais? Isso é chave. Tem sempre esse equilíbrio entre o que o cliente quer e o que eu acredito visualmente. Eu nunca entro num projeto só pra cumprir. Ouço, entendo e entrego com minha identidade. Cada job é uma chance de somar minha linguagem ao universo do cliente. E trato todos como se fossem o primeiro, sempre com entrega total.




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