Entre moda, cotidiano e identidade com Torvigram
A fotografia de Torvigram nasce de uma intuição precoce e se transforma em linguagem madura. Aos 14 anos, ainda com um celular simples em mãos, ele percebeu que havia algo além do enquadramento, uma possibilidade de transformar o cotidiano em discurso visual.
Desde então, sua trajetória se desenha como um processo de autoconhecimento e lapidação, em que cada clique serve tanto para narrar o mundo quanto para se reconhecer nele.
Transitando entre moda, projetos autorais e trabalhos de caráter documental, Torvigram constrói uma estética própria, marcada por cores intensas, contrastes fortes e uma direção performática que atravessa os diferentes territórios em que atua.
Nesta conversa, o fotógrafo fala sobre identidade visual, raízes, influências e o equilíbrio entre arte e mercado.
Em que momento você entendeu que a fotografia era o meio mais direto entre o que você pensava e o que queria mostrar?
Foi por volta dos 14 anos que tirei uma foto com uma Galaxy Y e percebi que havia algo a mais. Desde então, a fotografia tem sido uma forma muito forte de me expressar.
Seu trabalho tem uma estética muito própria, com uso intenso de cor, contraste e direção performática. Como você enxerga a construção dessa identidade visual? Ela foi algo intencional desde o início ou foi surgindo aos poucos?
Sempre foi algo que esteve comigo; acredito que diz muito sobre mim e minhas referências. Porém, ao longo do tempo tem sido lapidada, até porque estamos em constante evolução.



Você transita entre projetos mais voltados à moda, outros quase documentais, e outros ainda com forte carga conceitual. Como você lida com essas diferentes linguagens dentro da sua fotografia?
Em todos os casos, por mais engessado que seja, tento colocar um pouco sobre mim, acredito que pessoas vem até nós que trabalham com arte devido às nossas identidades, então acho importante mantermos essa essência, por mais mínimo que seja.
Existe alguma referência que mais te provoca hoje? Aquela referência que te faz aspirar por novos trabalhos e novos modos de enxergar as possibilidades.
Chi Modu, sem sombra de dúvida.
Em tempos de excesso de imagem, o que ainda te dá vontade de fotografar? O que te faz sair de casa com a câmera?
O que me dá vontade de fotografar é a conexão com minhas raízes e com o cotidiano: momentos com minha avó, que é uma pessoa especial; a vida urbana, o movimento da rua e a cultura da periferia.

Você tem projetos autorais com narrativa bem marcada, mas também atua em direção criativa e trabalhos comerciais. Como você equilibra essas demandas? Existe um ponto em que essas linguagens se misturam?
Tudo sempre anda junto. Independentemente do tipo de trabalho, seja comercial ou autoral, o ponto de partida sempre vem do mundo, do lugar.

Há algum filme que de certa forma influencia em seu estilo de trabalho?
Scarface e Supreme Cherry.
Você se lembra do seu primeiro trabalho monetizado na fotografia?
Lembro com certeza, foi para a marca de um parceiro meu, Culture.
Quais seriam suas três referências brasileiras no cenário audiovisual?
Cássio Andreasi (@cassioandreasi), Fernanda Souza (@correrua) e Gabriel Silva (@gri.llo) ainda vão ouvir falar muito do Gabriel.
Qual a importância da moda não apenas na sua visão de fotógrafo, mas na sua construção pessoal?
Para mim, a moda é importante porque diz muito sobre a gente, sobre o que a gente gosta, de onde a gente vem e nossas referências. É uma forma de expressão, quase como uma linguagem visual. E isso tem tudo a ver com a fotografia também. As duas coisas andam juntas: estilo, identidade e composição. A moda ajuda a contar histórias por meio da imagem, assim como a fotografia.









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