As referências e construções por trás da ARNECKE
Nesta conversa, falamos com o criador por trás da Arnecke sobre o início do projeto, o papel do futebol como estrutura narrativa, os pontos que definem sua estética, o lançamento da nova coleção e os caminhos que ainda pretende explorar.
Falar sobre novos projetos é, acima de tudo, reconhecer o que está surgindo longe do centro, longe da repetição e da estética padronizada que hoje toma conta de quase tudo.
Em um momento em que o futebol virou linguagem saturada dentro da moda, com símbolos esvaziados e camisas retrô empilhadas como tendência, poucos projetos conseguem de fato construir algo com peso e coerência.

Nesta conversa, falamos com o criador por trás da Arnecke sobre o início do projeto, o papel do futebol como estrutura narrativa, os pontos que definem sua estética, o lançamento da nova coleção e os caminhos que ainda pretende explorar.
Quando o projeto ARNECKE começou a tomar forma de verdade? Houve algum estalo ou foi algo que se construiu aos poucos?
A Arnecke foi uma construção gradual. Ao longo do tempo, fui aprendendo e experimentando, até que chegou um momento em que parei para pensar no que realmente queria criar.
Hoje, a Arnecke não é uma marca, mas sim um espaço para explorar minhas ideias, seja nas peças, na comunicação ou em tudo que envolve uma marca.
É um projeto em constante evolução, que vou moldando conforme cresço como criador. Não foi um estalo único, mas uma decisão consciente de transformar tudo isso em uma linguagem própria.
O que te motivou a trabalhar o futebol como ponto de partida? O que te interessa na linguagem do esporte?
Sou apaixonado por futebol, mas não só pelo jogo. Sempre me interessei por tudo ao redor dele: a parte tática, os bastidores, a cultura das torcidas, seus rituais e formas de expressar amor ou raiva pelo time.
O futebol mexe muito com as emoções e conecta pessoas e lugares de uma forma incrível. É esse lado, de linguagem, comportamento e identidade, que realmente me interessa.
Como você visualiza e desenvolve as peças visando o impacto no estilo de vida de quem gosta de futebol?
Para mim, o futebol está muito presente na cultura e na forma como as pessoas vivem a vida. A linguagem dele, com códigos, gestos e emoções, vai muito além do campo.
É por isso que penso a Arnecke e as peças como um reflexo de um estilo de vida inspirado no futebol, não literalmente, mas como um estado de espírito de quem gosta do esporte e carrega ele no seu dia a dia.
A ARNECKE conversa com memórias, arquivos, estética e até com performance. Em que momento você percebeu que suas ideias e o projeto falavam de muito mais do que futebol?
Percebi que o futebol é muito mais sobre as pessoas e as emoções que elas carregam do que só o jogo. É um espaço coletivo de alegria, frustração e pertencimento.
A moda também é uma linguagem para expressar sentimentos e identidade sem palavras.
Quando vi como esses dois mundos se conectam, entendi que a Arnecke poderia falar dessas coisas e traduzir essas emoções em estética e comportamento.
Nenhuma das peças deixa nítido que é um item sobre futebol, deixando apenas o lado subentendido de referências, construções e ligações a serem feitas.
No seu desenvolvimento, quais são os principais pontos que fogem apenas da simples inspiração no futebol?
Quero que a Arnecke fale de futebol, mas sem cair em algo óbvio ou caricato. Tento fazer peças contemporâneas, que atendem ao mercado e têm elementos que as diferenciam, como cortes, proporções, materiais e detalhes sutis. Não busco criar roupas inspiradas em uniformes, mas traduzir a atmosfera do esporte de certa forma, com referências especificas.
É um equilíbrio entre ter uma linguagem própria e uma estética que funcione dentro e fora desse contexto.
A estética futebolística vive um boom global. Como você se mantém à margem da superficialidade disso?
A estética do futebol é muitas vezes tratada de forma superficial e caricata, o que não faz justiça ao esporte.
O futebol é intenso e cheio de simbolismos que merecem respeito. Cada clube tem uma cultura própria, com símbolos, torcidas e histórias que vão muito além de versões estilizadas de camisas. Pra mim, há um universo muito maior para explorar, e é isso que busco traduzir.

Para esse lançamento, quais foram os principais pontos que auxiliaram no desenvolvimento?
Esse lançamento veio num momento em que passei por mudanças profissionais e precisei buscar novos caminhos. Já tinha algumas peças em andamento e decidi dar um significado maior para elas.
A coleção “Game Plans and Instincts” fala das tensões do jogo, momentos de pressão e fragilidade, mas também de confiança e performance.
É sobre estar preparado, analisar o jogo, saber se defender e atacar para alcançar objetivos, seja na carreira ou na vida pessoal. São fases que todos enfrentam, como em um campeonato ou nos 90 minutos decisivos de uma partida.

Pensando na evolução da ARNECKE, quais são os caminhos que você ainda quer explorar, novos formatos, novas narrativas, colaborações?
Ah tem muitas coisas a serem exploradas ainda em todas essas circunstâncias. Mas quero trabalhar mais com texturas, silhuetas diferentes, colorações, trazer pessoas para os projetos e por ai vai.
Hoje, onde estão os principais locais que você tem tirado referências para o projeto e também para sua visão criativa como um todo?
Não tenho um lugar específico onde busco referências, elas vêm de várias fontes que vou juntando no dia a dia, coisas que vejo, escuto e sinto, e que vão sendo transformadas.
Pode ser um jogo de futebol, uma música, a cidade, a arquitetura, vídeos, conversas, livros... Tudo que consumo como conteúdo acaba alimentando a minha visão criativa e, consequentemente, o projeto.
Imagens:
@artschwtss / Artur Schwantes Koch.







Galeria de imagens referentes ao lançamento e suas respectivas referências. Fotos por @artschwtss / Artur Schwantes Koch