O norte pela visão de Luiz Braga durante 5 décadas.

A exposição "Arquipélago Imaginário" chega ao IMS.

O norte pela visão de Luiz Braga durante 5 décadas.
Netuno II, 2020. Foto de Luiz Braga.

Na contramão da lógica apressada, a obra de Luiz Braga é um convite à observação. Natural de Belém do Pará, o fotógrafo vem registrando, há quase cinco décadas, o cotidiano de uma região frequentemente esquecida no imaginário nacional. Agora, em Arquipélago Imaginário, mostra em cartaz no IMS Paulista, esse acervo visual ganha nova leitura: íntima, próxima e descritiva.

São 258 imagens reunidas, 190 delas inéditas, dispostas não em ordem cronológica, mas como um ensaio aberto que parte da Ilha de Marajó e se expande em fluxo por diferentes pontos do norte brasileiro.

A exposição evita o formato tradicional de retrospectiva e opta por núcleos interligados, onde o olhar se move com liberdade, tal como o fotógrafo circula pelos espaços que retrata.

Registro do interior da exposição, onde é possível encontrar uma janela para outra sala.

Outro fator que marca a presença não só física mas de construção narrativa do trabalho do fotógrafo é a disposição que se divide entre salas coloridas de cabo a rabo, com paredes laranjas, azuis, pretas e uma sala em branco, fato que alinha-se ao entendimento e descobertas do fotógrafo durante essas 5 décadas entre fotos em preto e branco, coloridas e a transição e descoberta ao digital. 

Braga começou em preto e branco, no fim da década de 70. Mas foi nos anos 1980, ao explorar os tons intensos da visualidade ribeirinha, que encontrou sua assinatura. A transição para a fotografia colorida e depois para o digital simboliza uma virada estética importante: o olhar que antes espiava timidamente passou a celebrar o que antes era invisível.

Caixotes do Zé, 1986. Foto de Luiz Braga.

O mar, a textura e as composições daquele espaço antes por uma maneira subjetiva, era entendido pelo público de uma maneira sem coloração, com pouca distinção mas marcado pela profundeza. Porém, com a adoção das cores, é nítido a vida dada às imagens e histórias a serem contadas.

“Tenho como metodologia visitar inúmeras vezes os locais onde fotografo, o que faz com que me torne conhecido e possa, conhecendo, respeitar os códigos, o ritmo e os costumes do lugar.” Luiz Braga.

Visita guiada com o artista Luiz Braga no IMS Paulista

Não é por acaso que suas imagens captam com precisão quase antropológica os gestos, as cores, os objetos e os signos que compõem a vida de quem vive à margem do discurso dominante.

A mostra revela a potência da imagem como ferramenta de valorização e registro das culturas locais, costurando uma narrativa afetiva e crítica sobre o Brasil profundo. As belas composições, os retratos de Braga provocam o olhar: quem é visto? Quem vê?


A exposição está aberta ao público no IMS, localizado na Avenida Paulista, SP.

Acesse o site oficial da exposição para saber mais.



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