Alfredo 2: Freddie Gibbs e The Alchemist expandem a fórmula em outro continente

Alfredo 2: Freddie Gibbs e The Alchemist expandem a fórmula em outro continente

Cinco anos depois do primeiro Alfredo, Freddie Gibbs e The Alchemist retornam com um disco que entra para os melhores lançamentos do ano.

Alfredo 2, lançado agora em julho de 2025, é um projeto que, dá sequência a uma parceria história no rap com dois dos maiores nomes e mais influentes para toda uma nova geração do rap.

Alfredo 2.

Desde Fetti (2018), com Curren$y, Freddie Gibbs e The Alchemist trabalham juntos. Mas foi com Alfredo (2020) que a dupla consolidou uma identidade. O álbum, curtíssimo, de 35 minutos, ganhou indicação ao Grammy de Melhor Álbum de Rap, e entrou em consenso entre público e crítica como uma das grandes referências atuais dentro do rap mundialmente. 

No dia 17 de julho foi exibido em sessão privada no Brain Dead Studios, em Los Angeles, o curta-metragem Alfredo: The Movie, dirigido por Nick Walker e filmado no Japão.

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O curta apresenta Gibbs vivendo isolado nas montanhas e treinando com um sensei, algo totalmente imagético do que é uma passagem no Japão, e sendo convencido por Alchemist a retornar a Tóquio, onde operam um ramen shop que serve como fachada para esquemas envolvendo o submundo da máfia. Toda a produção é uma viagem aprofundada a estética "noite em Tóquio", caracterizado pelas luzes, izakayas, becos e um roteiro muito carismático e surpreendentemente envolvente.

Ao assistir me pareceu um episódio de uma série, que inclusive, eu seguiria assistindo. 

No mesmo dia foi lançado o single “1995”, evocando a faixa “1985” do primeiro álbum, marcando uma progressão temporal e estética clara.

Essa escolha do cenário, filosofia e toda a construção visual foi carregada através do disco inteiro.

Se no primeiro Alfredo o imaginário era o da máfia ítalo-americana, a capa brincava com fettuccine, aqui tudo é deslocado para o oriente. O mafioso agora é um exilado, segue a jornada do herói em um certo momento, trás toda uma tensão filosófica através do "Ikigai", digno de Luke Skywalker e Yoda. O disco é lançado ao lado do curta, de edições limitadas em vinil, de um evento visual em Los Angeles, de collabs de roupa e de uma narrativa fechada. Completamente uma peça cultural.

São 14 faixas produzidas por The Alchemist, com participações pontuais de JID, Anderson .Paak, Larry June. Mas quem segura tudo é Gibbs, que mostra mais uma vez como os beats e a produção do Alchemist casam com sua voz e formato de rimas.

Nós estamos diante de um dos melhores duos, duplas, par, dueto, tanto faz, mas um dos melhores da história do rap

Mas o ponto central é a parceria de Gibbs e Alchemist. Desde os primeiros encontros em 2003–2004, passando por Scottie Pippen (Curren$y, 2011), Fetti (2018), até Alfredo, a dupla construiu sintonia. No original, Alchemist oferecia beats de soul elegantes enquanto Gibbs narrava histórias de crime e sobrevivência, criando contraponto entre luxo e dureza.

Importante também dizer que Alchemist segue ativo, produzindo com artistas como Earl Sweatshirt, Larry June, MIKE, Boldy James, Erykah Badu e mantendo influência forte na cena do underground. Isso reforça que o álbum não é exceção: é continuidade dentro de uma trajetória consistente de reinvenção.

Essa ambientação também reforça um ponto sobre o momento atual de Gibbs. Depois de álbuns como Soul Sold Separately e You Only Die 1nce, onde o foco era mais na autoanálise e nos conflitos internos, ele volta em uma produção desenvolvida diretamente com Alchemist e buscando contextos e histórias em um local completamente histórico e profundo que é o Japão.


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