A influência da cultura rastafári no streetwear atual.
Rastafári e streetwear: um diálogo entre resistência e expressão.

As cores vermelho, verde e amarelo (e por vezes o preto) são o principal legado visual do reggae e do Rastafari. Em uma coleção colaborativa da Jah Jah Paris com a Salomon, a marca mencionou que elas "representaram o sangue ancestral e o sacrifício" (vermelho), a "riqueza da tradição" (amarelo) e o "crescimento que brota da Terra" (verde), evocando um sentimento de "orgulho e alegria" para povos de ascendência africana.


Jah Jah x Salomon RX MOC 3.0 - Reprodução @jahjahparis
A incorporação dessas cores no streetwear transcende a estética, representando uma poderosa afirmação de herança cultural. O restaurante afro-vegano parisiense Jah Jah tem se destacado como uma das principais referências dessa fusão entre cultura e moda. Além da gastronomia, eles desenvolvem coleções cápsula que mesclam padrões africanos/caribenhos com estética streetwear, tendo colaborado com marcas como Comme des Garçons, Salomon e, no Brasil, com a Survival.


JAH JAH x ADIDAS/ JAH JAH x SURVIVAL - Reprodução @jahjahparis
Recentemente, o rapper americano Lil Yachty anunciou sua segunda colaboração com a Nike com a silhueta Air Force 1. Um modelo em couro envernizado trouxe as tonalidades "Lucky Green" (verde), "Mystic Red" (vermelho) e "University Gold" (ouro) – as mesmas cores usadas no Coachella de 2023 – reproduzindo literalmente a paleta rastafári.


IT'S US MAGAZINE no. 1 - Revista promocional da colaboração Lil Yachty x Nike
No Brasil, além da colaboração da Survival com a Jah Jah, outras marcas de streetwear também incorporam elementos reggae. A paulistana Piet já lançou camisetas, bonés e acessórios com referências diretas ao movimento Rastafari (como bordados e combinações de cores típicas).


fotos: "Dada T-Shirt e Corduroy Rasta Hat" reprodução - @piet_org
A tradicional Cyclone exibe há anos bermudas, moletons e camisetas estampadas com mosaicos e grafismos verde-amarelo-vermelhos que remetem ao reggae. Essas peças resgatam a iconografia rastafári no contexto brasileiro, reforçando a conexão da moda urbana com as raízes do reggae.
As cores do reggae carregam um significado profundo na moda atual, representando mais que uma escolha estética. Essas tonalidades emergiram como símbolos poderosos da resistência negra e da identidade africana, proporcionando visibilidade e representatividade à comunidade.

A incorporação da paleta rastafári no vestuário urbano preserva a história e fortalece o orgulho identitário do movimento negro, criando uma ponte significativa entre as gerações. Essa expressão visual nas ruas mantém viva a mensagem de resistência cultural através da moda.